Márcio Calafiori
Quem sabe aquele ali?... Mas parece tão triste!... Aquele outro manca um pouco... Provavelmente por causa de algum calo velho, teimoso, recalcitrante.
Imagina-se já entediada com a previsão do tempo:
— “Quando o meu calo dá essas ferroadas é chuva na certa!”
Aquele de gravata branca tem cara de pão-duro... E por isso deve sofrer dos gases... Este aqui é o mais bonito do baile, mas está acompanhado da loira falsa!... Oh, meu Deus, como a vida é breve!...
Súbito, um senhor se aproxima:
— Me dá o prazer dessa dança? Adoro essa música do Abba.
Mas pelo amor de Deus! Que cara é esse?... E que música é essa do Abba?...
Não pôde deixar de reparar que ele guarda um pente Flamengo no bolso da camisa. Isso a irrita um pouco.
No salão, ele diz:
— Quase não tive coragem de convidá-la para dançar. Mas não resisti. Tu és a mulher mais linda que eu já vi. Gosto dos teus olhos negros e luminosos.
— É mesmo?... Obrigada!... O senhor também é muito simpático. E elegante, também. Isso é saudável na nossa idade... Está sempre se penteando, não?
— Ah, o pente?... Não sei sair de casa sem ele. É um velho hábito. Mas se isso a incomoda, posso guardá-lo no bolso de trás da calça!
— Ah, deixa assim mesmo... Não tem importância...
— És tão linda que tenho a impressão de que se eu fechar os olhos ao abri-los não vou mais te ver...
Para Adriana
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Um comentário:
Hummmmmm, eu acho que conheço esse simpático,elegante e gentil senhor de algum lugar..será de algum lugar do passado? Algum baile da vida?? Essa senhora também não me é estranha...
Algo me diz que essa história nunca vai ter fim !!!!
AAAAAAAADDDDOOOOOORRRRRREEEEEEEEEEIIIIIIIIIII !!!!!
Parabéns aos autores !!!!
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